Entrevista Briefing – O açambarcamento do digital
A Legendary People + Ideas esteve presente na revista Briefing no mês de abril, com um artigo do Diogo Pinheiro, managing partner da agência, a respeito da nova era do digital durante o período de isolamento.
Não é novidade que o digital é um ecossistema fundamental como utensílio de trabalho, mas também na promoção das marcas e canal de comercialização de produtos. A necessidade de encerrar os pontos de contacto físicos tornou este princípio mais gritante e urgente. Como em tudo, quem já ia aos treinos no online e se preparou tem mais chances de ganhar o jogo.
Muitas marcas fizeram uma transição de anos em apenas duas semanas para o digital, acima de tudo, como instinto de sobrevivência. Este sprint ao mundo online acaba por acentuar a insustentabilidade e a falta de formação das empresas na área. Pelo receio de não aparecer, algumas marcas acabam por açambarcar plataformas e por levar redes sociais e canais de que na verdade não precisam. Até porque ao contrário do que se pode pensar, isto é uma maratona e não uma corrida em velocidade – a consistência e a qualidade da passada são fundamentais.
Quem vai à frente no percurso já percebeu que o digital não é um meio aparte. A estratégia de marketing já não se divide em on e offline, mas é agora simbiótica e, mais do que isso, moldável ao contexto do seu público-alvo – em ferramentas e em conteúdo. Também a este respeito, é importante realçar que o importante não é estar em todos os meios, mas sim, nos que interessam ao nosso target. Então, como podem as empresas tirar partido das potencialidades digitais, mantendo o seu posicionamento?
Em primeiro lugar, destaca-se a inteligência virtual e a democratização de plataformas de e-commerce que completam e concretizam os objetivos de conversão das marcas. Para a criação de pontos de venda online, o Shopify, o Shopkit ou o WordPress são das soluções mais intuitivas e acessíveis que a web tem à disposição.
Mas não podem agir sozinhas. Estes serviços munem-nos de dados sobre o comportamento do consumidor, que permitem afinar a sinfonia para os seus ouvidos. E, como numa orquestra, todos os instrumentos devem seguir a mesma pauta.
Os criativos têm, portanto, todas as condições para avançar com abordagens interativas e aspiracionais que facilitem e alimentem o diálogo com o utilizador. Atualmente, o consumidor não estabelece relações com marcas que não incentivem a proximidade e direcionem a mensagem de forma personalizada.
Assim explicamos o fenómeno dos lives, a crescente utilização dos stories e das aplicações que fomentam a partilha de conteúdos feitos a partir de casa. Já o E-mail Marketing, o WhatsApp e os chats continuam a ser algumas das ferramentas privilegiadas para estreitar a comunicação entre os clientes e as marcas.
Também internamente houve um salto abrupto de aprendizagem para as empresas. O teletrabalho veio abanar com alguns paradigmas de produtividade. As instituições veem-se obrigadas a pensar e planear os seus trabalhos de forma mais linear e pragmática. Para organizar tarefas, o destaque vai para as plataformas gratuitas (até um nível bem avançado de utilização) o Asana, o Trello e o Evernote. Para reunião de equipas e partilha de documentos, a minha sugestão passa pelo Zoom, o clássico Skype, o Slack e o Google.
Esta nova forma de trabalho já começa a substituir a noção de horários e ambiente formal por conceitos como performance e resultados. Estamos, indubitavelmente, a assistir a uma grande mudança na qualidade de vida e de trabalho de milhares de colaboradores.
Tudo isto são boas pistas para o futuro das empresas, mesmo quando a ressaca económica da Covid-19 chegar. Não há segredos nem receitas mágicas para o digital, mas não tenho dúvidas que uma boa escolha de canais, sua sustentabilidade e a consistência de dentro para fora serão os fatores mais determinantes na sobrevivência e bem suceder das marcas doravante.
Diogo Pinheiro, managing partner da Legendary People + Ideias